quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ENEM - Conflitos Politico-Culturais: Irã

Os acontecimentos mais recentes do Brasil e do mundo estão sempre presente nas provas e redações de vestibulares de todo o país. Para não ficar por fora, confira as matérias publicadas toda semana nesta seção!

Irã: conflitos econômicos, religiosos e culturais


Depois de meses de confrontos e desafios, inclusive com a afronta de um teste  nuclear em outubro passado, a Coréia do Norte chegou finalmente a um acordo com as potências mundiais e regionais, se comprometendo a desativar no prazo de 60 dias seu principal reator nuclear em troca de assistência alimentar e de combustível.
A expectativa do mundo, agora, é que também haja uma saída negociada com o Irã, embora a situação do regime dos aiatolás seja bem diferente da ditadura comunista norte-coreana, a começar pela sua posição geográfica - o Golfo Pérsico  -, que é a mais estratégica do planeta.
As relações com o Irã passam por outras áreas de conflito que incluem interesses econômicos, disputas religiosas e intolerância cultural. Envolvem, por exemplo, a presença americana no Afeganistão, a invasão dos países aliados ao Iraque e o apoio americano a Israel nas questões da Palestina.
O Irã e a Síria são acusados de fornecer armas e estimular grupos terroristas que enfrentam o exército dos países aliados no Iraque e que fomentam a resistência na Palestina.
Por que o Ocidente está preocupado?
Em 2003, a Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA - comunicou que o Irã ocultara um programa de enriquecimento de urânio por 18 anos, e a atual disputa é uma decorrência desse fato. Os EUA e outros países ocidentais acreditam que o Irã planeja produzir armas atômicas sob a fachada de um programa nuclear civil.
Apesar de possuir grandes reservas de gás e petróleo, o Irã -  quarto maior produtor de petróleo do mundo - diz que quer diversificar suas fontes de energia. O país insiste que seus planos são civis e que só deseja enriquecer urânio para fabricar combustível para usinas de energia nuclear. No entanto, o urânio enriquecido para este fim pode ser fornecido por outros países, sem, necessariamente, ser produzido em casa.
A insistência iraniana aumenta a suspeita sobre suas intenções de produzir a bomba ou de desenvolver a capacidade para decidir futuramente sobre o desenvolvimento de uma arma nuclear. Embora continue negando a intenção de produzir armas nucleares, a República Islâmica não cumpriu os prazos determinados pela ONU para interromper o enriquecimento de urânio, e dá claros sinais de que pretende ir contra a comunidade internacional. O plano iraniano de adquirir tecnologia que permita a produção de armas nucleares é visto com receio até pelos Estados árabes vizinhos e poderia provocar uma corrida nuclear na região.
Impasse
O Irã diz querer uma solução negociada com as potências mundiais para seu impasse nuclear, mas isso precisa incluir o reconhecimento do seu direito de desenvolver um programa nuclear pacífico.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), mais a Alemanha, estão impondo progressivamente sansões ao país.
O Brasil já fez o dever de casa com a publicação do decreto presidencial informando que as autoridades brasileiras "ficam obrigadas ao cumprimento do disposto na resolução número 1737, adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas".
A resolução proíbe a transferência para o Irã de quaisquer itens, materiais, equipamentos, bens e tecnologia que possam contribuir para atividades ligadas ao seu programa nuclear, assim como determina o congelamento de ativos financeiros e recursos econômicos de indivíduos comprometidos com este propósito.
Mas, há, ainda, muitas medidas que o Conselho de Segurança da ONU pode incluir nas sanções mundiais, como a proibição de viagens de funcionários iranianos e algumas restrições a atividades não-nucleares. Os Estados Unidos defendem o embargo de armas ao Irã. A lista de possíveis sansões aumenta a cada encontro.
Rússia e China entendem que qualquer forma de pressão que vá além da proibição de transferência de tecnologia nuclear, imposta desde dezembro pela ONU a Teerã, agravaria o isolamento iraniano e dificultaria uma solução.
As seis potências se dizem comprometidas com uma solução negociada, embora Washington não descarte uma ação militar como último recurso. Além disso,  Israel deixa transparecer que está preparado para agir militarmente. 
Infelizmente, a capacidade de produzir armas nucleares eleva a autoridade mundial dos países que detêm a tecnologia, e permite maior  equilíbrio de forças, o que contraditoriamente pode servir para a manutenção da paz. Complicado é viver num mundo onde a paz dependa da capacidade de destruição dos governos. 


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